Depois de todo estardalhaço durante a campanha eleitoral, da escolha de um vice-governador salvador da pátria acumulando também a função de Secretário da Educação do estado e de muita, mas muita propaganda enganosa, o ensino público no estado do Paraná dá claras demonstrações que está cada vez pior.
Entre outras presepadas, uma das primeiras medidas de Richa e Arns como governador do estado e Secretário da Educação, foi cancelar todas as turmas do ensino médio que tivessem menos de 45 alunos. Estes estudantes seriam remanejados para outras turmas que infladas, passariam a contar com 48, 50 alunos.
Mas como é que um professor pode atender uma turma de 48 ou 50 adolescentes durante uma aula de 45 minutos. E mais, este mesmo professor dá aulas para mais outras 10 turmas. Nada menos que 500 alunos sob a responsabilidade de um único professor. É humanamente impossível imaginar qualquer tipo de resultado positivo.
E nem poderia ser diferente, como mostra o resultado do último IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), onde sob a batuta de Richa, o estado do Paraná vem obtendo índices cada vez mais maquiados e apesar disso, piores.
Para amenizar esta crise na educação o governo do estado, mais uma vez vai na contra mão da coerência e, ao invés de propor medidas para valorizar as escolas, os educadores e o ensino, resolve propor uma nova grade curricular unificada que claramente pretende transformar as escolas em meros cursinhos preparatórios para o Ideb, em detrimento do ensino e da transformação dos estudantes em seres críticos, pensantes. Uma visão retrógrada da formação do indivíduo, levando em conta somente a gramática e a matemática básica deixando completamente de lado as matérias que levam ao aluno a formação de um pensamento questionador, reflexivo e criativo.
Eu aqui, Polaco e completamente Doido, admito abertamente que não domino a gramática, não fosse o corretor ortográfico meus textos teriam muito mais erros do que estes que afloram por este espaço insalubre e mal escrito. Apesar disso, leio e escrevo. Pelo menos oito leitores diários, lêem meus textos e quase sempre entendem a mensagem que tento passar.
Esta capacidade de leitura, interpretação e produção textual, não se deve exclusivamente ás aulas de gramática durante o ensino básico. Devem-se também a todas as outras disciplinas formais e informais estudadas durante estes quarenta e poucos anos de vivência.
Matérias como história, geografia, artes e estudos sociais (no meu tempo) abriram meus olhos para o mundo e me fizeram entender pelo menos um pouco do que acontece ao meu redor. É claro que graças a elas também, gradativamente adquiri a capacidade de interpretar textos.
Matérias como física, química, biologia abriram outros horizontes e, principalmente, mostraram que os outrora incompreensíveis problemas da matemática tinham suas aplicações práticas. Foram estas aplicações praticas que me transformaram num amante da matemática e não o contrário.
Vale lembrar aos desavisados e alienados que existe uma nova Diretriz Curricular do Ensino Médio, Resolução nº 02 de 30 de janeiro de 2012, mas os princípios lá descritos parecem não terem sido compreendidos pelo atual governo do Paraná.
Olhem o que traz o artigo 16: “IV – valorização da leitura e da produção escrita em todos os campos do saber”.
Infelizmente para nossos alunos da rede pública, nosso atual governo do estado confunde a educação como uma simples meta a ser cumprida via os resultados do Ideb, e com isso, passa por cima de todas as regulamentações e normas a serem cumpridas pelos gerentes da educação no Brasil.
Segundo a LDB (lei de Diretrizes e bases) Art. 35 item III: O ensino médio é a etapa final da educação básica e tem como uma de suas finalidades o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.
Mas como atingir a autonomia intelectual e o pensamento crítico nos alunos do ensino médio com aulas de português (gramatical) e matemática básica, sendo que estas matérias no atual sistema, salvo raras exceções, não passam de um tremendo decoreba?
Privar nossos estudantes do ensino das artes, filosofia e sociologia é privar nossos estudantes de criar um senso crítico próprio, de um dia tornarem-se independentes e plenos.
Além disso, a nova matriz curricular proposta, também prejudica profundamente a formação dos alunos que estudam a noite. Estes alunos terão uma grade diferenciada com ainda menos aulas de Artes, Filosofia, Sociologia e Educação Física. Para o governo Richa, alunos do tuno noturno só precisam saber somar, multiplicar, dividir e subtrair e, no máximo, ler e entender frases como “O Ivo viu a vulva”.
Se você é educador, ou não, e também discorda desta nova medida imposta pelo Governo Richa de transformar nossas escolas em meros cursinhos preparatórios para o IDEB. Externe sua indignação, envie seu texto para o endereçomatrizcurricularpr2013@gmail.com. O endereço foi criado somente para receber as reivindicações dos coletivos escolares a respeito de sua proposta retrógrada de matriz curricular.
Placo Doido